George Plimpton

Do jornal literário ao desportivo, com passagem pelo cinema. Jornalista, escritor e ator, Plimpton é também notícia

Com o berço colocado no seio de uma família letrada

George Ames Plimpton nasceu a 18 de março de 1927, em Nova Iorque (EUA). O seu pai, Francis Taylor Pearsons Plimpton, era um advogado de sucesso e sócio da firma Debevoise and Plimpton e chegou a ser vice-embaixador dos EUA nas Nações Unidas, entre 1961 e 1965. O seu avô, George Arthur Plimpton era o fundador da editora Ginn. Já a sua mãe, Pauline Ames, provinha de uma família igualmente à cena política.

 

Em julho de 1944 entrou na Universidade de Harvard, onde escreveu para o Harvard Lampoon, uma publicação humorística, e onde foi membro do Hasty Pudding Club e do Porcellian Club.

 

 

Os seus estudos foram interrompidos para cumprir o serviço militar obrigatório, entre 1945 e 1948, onde foi condutor de tanques em Itália, pelo exército norte-americano. Depois de se ter graduado em Harvard, Plimpton frequentou o King’s College na Universidade de Cambridge entre 1950 e 1952.

Durante os seus tempos de universidade em Harvard, Plimpton foi colega e amigo de Robert Kennedy. Quando Robert se candidatou à Presidência dos EUA, Plimpton participou na campanha, desenvolvendo outras atividades para além do jornalismo. A 5 de junho de 1968, George Plimpton encontrava-se entre a multidão que viu Robert Kennedy ser alvejado, tendo ajudado a deter Sirhan Sirhan, o assassino.

 

Plimpton e as entrevistas para o Paris Review

Em 1953, Plimpton tornou-se o primeiro editor do influente jornal literário Paris Review, publicação com a qual colaboraria até ao fim dos seus dias. Uma das descobertas mais notáveis do jornal foi o autor Terry Southern, que desenvolveu uma grande amizade com Plimpton. Uma das grandes entrevistas que Plimpton dirigiu para o Paris Reviewfoi com Ernest Hemingway. George Plimpton foi também o primeiro a publicar nomes como Jack Kerouac, Jay McInerney and Jonathan Franzen, entre outros.

 

 

Outro trabalho que ganhou grande notoriedade foi a sua entrevista ao Truman Capote, acerca do seu livro In Cold Blood. Plimpton chegou ainda a contar a história do escritor no livro Truman Capote: In Which Various Friends, Enemies, Acquaintences and Detractors Recall His Turbulent Career.

 

Os seus artigos desportivos deram também que falar, especialmente aqueles que faziam jus ao «jornalismo participativo». Este tipo de jornalismo consistia na participação em eventos desportivos profissionais, cuja experiência era depois relatada do ponto de vista de um amador. Plimpton estabeleceria o género de jornalismo participativo na década de 60, ao jogar para os Detroit Lions, ao participar num combate de boxe contra o profissional Archie Moore, ao ser trapezista num circo e até ao tocar ferrinhos na Filarmónica de Nova Iorque.

 

O jornalismo desportivo

À medida que participava em vários eventos desportivos, Plimpton desenvolvia um interesse pelo jornalismo desportivo nas páginas da Sports Illustrated. Entretanto, o estilo divertido e espirituoso das peças de Plimpton ganhava mais espaço em revistas como Harper’s, The New Yorker, Vogue e New York Times Magazine.

A 1 de abril de 1985, a Sports Illustratedpublica o artigo «The Curious Case of Sidd Finch», escrito por Plimpton, que daria muito que falar. A peça relatava que o jogador de baseball Hayden Siddhartha «Sidd» Finch conseguia atirar uma bola a 168 mph, era praticante de ioga e adotado por um arqueologista.

 

 

A resposta ao artigo de Plimpton superou todas as expetativas. Os fãs dos Mets ficaram eufóricos por saber que tinham um jogador assim, e encheram o correio da revista com pedidos de mais informação sobre Finch. Além disso, as cadeias televisivas ABC, NBC e CBS e os jornais locais de St. Petersburg, na Florida, enviaram repórteres para uma conferência de imprensa sobre Finch no estádio Al Lang.

Contudo, a 15 de abril, a revista Sports Illustratedanuncia que Sidd Finch era ficcional e que a história foi apenas uma brincadeira de 1 de abril. O artigo de Plimpton ficaria em segundo lugar no top 100 de embustes do Museum of Hoaxes [Museu dos Embustes], e daria origem a um romance escrito pelo próprio Plimpton intitulado de The Curious Case of Sidd Finch [O Curioso Caso de Sidd Finch].

Autor de várias obras, Plimpton viu publicados muitos livros sobre a sua passagem pelos desportos profissionais como o golfe, o futebol americano e o boxe.

 

Para lá do Jornalismo

Mas George Plimton ficou conhecido muito para além do jornalismo. Também no cinema e na televisão, Plimpton fez furor como ator. Um dos seus papéis mais famosos no cinema foi ao lado do ator John Wayne, no filme western Rio Lobo. O seu incurso na sétima arte marcaria os filmes Reds (1981), The Bonfire of the Vanities (1990), Nixon (1995) e Good Will Hunting (1997).

 

 

Na televisão, uma das mais célebres aparições foi no documentário Plimpton! The Man on the Flying Trapeze, transmitido pela ABC.

O escritor e jornalista faria ainda de si próprio num episódio da série The Simpsons.

 

A herança para o mundo jornalístico e literário

Na sua vida pessoal, George Plimpton esteve casado duas vezes. Em 1968, casou-se com Freddy Medora Espy, uma assistente de fotógrafo. Tiveram dois filhos: Medora Ames Plimpton e Taylor Ames Plimpton. No entanto, o casamento não duraria e, em 1988, o casal divorciou-se. Em 1992, Plimpton acabaria por casar com  Sarah Whitehead Dudley, uma escritora freelancer, de quem teria duas filhas gémeas: Laura Dudley Plimpton e Olivia Hartley Plimpton.

A 25 de setembro de 2003, George Plimpton foi encontrado morto em sua casa, vítima de um aparente ataque cardíaco. A sua vida e carreira seriam relembradas em várias publicações, incluindo o testemunho do seu filho, Taylor Plimpton, na revista The New Yorker.

 

 

Em 2008, Nelson W. Aldrich Jr. publica uma biografia oral sobre a vida de George Plimpton, intitulada George, Being George e em 2013, Tom Bean and Luke Poling realizaram o documentário Plimpton! Starring George Plimpton as Himself. Plimpton foi uma estrela do seu tempo, não só no jornalismo, mas também em tantas outras áreas.